Não deves nada à Frelimo

QUINTA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2014

Não deves nada à Frelimo, vota pela mudança*

Não deves nada à Frelimo, vota pela mudança*
Canal de opinião
Moçambique vai testemunhar, nas eleições gerais deste ano, um facto histórico. O partido Frelimo vai ser o principal derrotado. Esta tendência de resultados eleitorais negativos atingiu a escalada nas útimas eleições autárquicas, realizadas nos finais do ano passado, e tem estado a dar sinais objectivos de poder vir a aumentar nas eleições do próximo dia 15 de Outubro.
Alguns factores podem estar directamente associados a esta incontestável constatação. Como já deves saber, para além do crónico descontentamento popular e do sentimento antifrelimista característico do segundo mandato da governação de Armando Guebuza, destaca-se o crescente sentido de identidade, simpatia e massiva adesão popular aos partidos da oposição (particularmente o MDM e, ultimamente, a Renamo). A Frelimo, mesmo beneficiando de forma desproporcional de uma máquina de propaganda eleitoral claramente alicerçada nos bens, financiamento e recursos por si sequestrados ao longo dos seus quase 40 anos de controlo total do Estado moçambicano, tem estado ao mesmo nível e, em certos casos, muito abaixo dos principais partidos da oposição, quanto ao convencimento e mobilização do eleitorado.


Com efeito, a Frelimo tem controlado e influenciado a disseminação de propaganda eleitoral a seu favor, de modo prepotente e descarado, nos principais órgãos de comunicação social públicos, como a TVM, a Rádio Moçambique ou os jornais “Notícias” e “Domingo”. A Frelimo tem usado, directa ou indirectamente, viaturas e combustível do Estado nas suas campanhas. Muitos dos carros usados pelos seus membros podem não ostentar a matrícula do Estado, mas estão alocadas aos seus dirigentes e agentes para uso pessoal enquanto titulares de cargos de direcção e chefia, ou no âmbito das suas actividades laborais. Dada a fragilidade institucional característica do Aparelho do Estado quanto à supervisão e garantia do seu uso estritamente profissional, muitas delas têm sido desviadas para actividades estranhas à sua finalidade, estando integradas nas principais caravanas que, em todo o país, desfilam a desavergonhada arrogância e ostentação do partido Frelimo aos olhos de uma larga maioria do povo faminto, a viver em condições de precariedade aguda generalizada. Este “show” de riqueza e pomposidade, feito por pessoas que são obrigadas a mostrar gratidão pelos privilégios e dividendos oferecidos pela governação de Guebuza, tem servido como exemplo, aos cidadãos mais atentos, de que os membros e simpatizantes do partido Frelimo é que, exclusivamente, têm estado a beneficiar do alegado desenvolvimento nacional ao longo destes anos todos. Se não fossem os únicos privilegiados no acesso à riqueza e oportunidades, não estariam a exibir em toda a extensão do território nacional os símbolos fartos e clarividentes de robustez financeira e material, nas suas campanhas eleitorais.
Já deves ter visto, também, a enorme moldura humana que tem aderido às campanhas dos principais partidos da oposição. Afonso Dhlakama tem sido o candidato presidencial que mais pessoas tem levado aos seus comícios. Daviz Simango também. Embora estes não tenham os inúmeros meios e recursos que o candidato da Frelimo pomposamente usa (tais como caravanas de carros e motorizadas luxuosas, panfletos, cartazes, bandeiras, géneros alimentícios, etc.) e com os quais tenta comprar a lealdade, a simpatia e o voto do povo, o povo sistematicamente martirizado, hostilizado, segregado e empobrecido tem dado mostras tangíveis e determinadas de ruptura para com as mentiras históricas da Frelimo e tem aderido massivamente ao redespertar da esperança numa mudança radical do estado das coisas que Dhlakama ou Simango encarnam, sob batuta dos respectivos partidos.
O povo sabe que não come camisetes e capulanas. O povo sabe que aqueles espaços na televisão, rádios e jornais públicos onde só comentam os que falam bem de Guebuza e da Frelimo não o demoverá da sua convicção de mudança. Tu, que também és povo, não te revês naquelas caravanas de luxo da Frelimo que passam ao lado da tua pobreza extrema, em “shows” teatrais grávidos de falsidades e mentindo que confias em Nyusi. Porque tu não confias em Nyusi coisa nenhuma. Tu só confias no poder da mudança e no BASTA que o teu voto gritará, no dia 15 de Outubro. (Edgar Barroso)
* Título da responsabilidade do “Canalmoz”
CANALMOZ – 09.10.2014

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